top of page
Buscar

Saúde Mental na Adolescência – Parte 2/3: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS À SAÚDE MENTAL DOS ADOLESCENTES

  • Foto do escritor: Paulo Garcia
    Paulo Garcia
  • 21 de jul.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 30 de jul.

ree

A adolescência é, por si só, uma fase intensa. É tempo de mudanças físicas, emocionais, sociais e cognitivas. Porém, os desafios contemporâneos têm intensificado os conflitos internos e, consequentemente, o sofrimento psíquico dos adolescentes. Entre os principais fatores que afetam a saúde mental dos adolescentes hoje, temos:

 

1. Pressão nas Redes Sociais

As redes sociais se tornaram vitrines onde os adolescentes expõem suas vidas, mas, principalmente, onde observam (e se comparam) com os outros. Eles são bombardeados diariamente por imagens e narrativas de corpos perfeitos, viagens incríveis, relacionamentos ideais e conquistas constantes.

Essa comparação gera:

  • Sentimento de insuficiência constante.

  • Ansiedade para se manter relevante no meio digital.

  • Dependência de curtidas, comentários e seguidores para validar sua própria autoestima.

  • Medo constante de ser “cancelado” ou criticado, levando ao autocontrole excessivo da própria imagem.

Além disso, algoritmos priorizam conteúdos que mantêm as pessoas engajadas, muitas vezes reforçando padrões irreais e, consequentemente, aumentando a insatisfação pessoal.

 

2. Ansiedade por Desempenho Escolar e Futuro

Desde muito cedo, adolescentes são pressionados a escolher uma profissão, ter alta performance escolar e pensar no futuro como se não houvesse espaço para erros. Esse cenário é reforçado por:

  • Famílias que, muitas vezes, depositam expectativas excessivas.

  • Escolas que priorizam resultados e notas, em detrimento de habilidades socioemocionais.

  • Um mercado de trabalho competitivo e incerto que chega como ameaça, não como oportunidade.

O resultado? Uma geração de jovens exaustos, ansiosos, com medo de fracassar e de não corresponder às expectativas alheias.

 

3. Isolamento Social

Apesar da hiperconexão digital, muitos adolescentes se sentem profundamente sozinhos. As interações online, embora frequentes, são superficiais e não suprem a necessidade de vínculos afetivos reais.

Esse isolamento pode ser consequência de:

  • Falta de tempo para lazer e convívio presencial.

  • Dificuldades de se inserir em grupos, seja na escola ou na comunidade.

  • Sentimentos de inadequação, baixa autoestima e medo de rejeição.

  • Preferência pelo ambiente virtual, onde é possível controlar mais a própria imagem e exposição.

O isolamento prolongado impacta diretamente o desenvolvimento emocional, social e até cognitivo dos jovens.

 

4. Problemas Familiares

O ambiente familiar é o primeiro espaço de construção emocional. Quando há conflitos constantes, falta de diálogo, críticas em excesso, violência (independente de qual tipo seja) ausência afetiva ou até negligência, o adolescente se sente sem base e sem segurança emocional.

Os principais impactos disso incluem:

  • Desenvolvimento de inseguranças profundas.

  • Dificuldades em regular emoções.

  • Sensação de não pertencimento nem dentro da própria casa.

  • Aumento da vulnerabilidade a quadros como depressão, ansiedade e automutilação.

Quando o lar não é um espaço de acolhimento, o mundo se torna ainda mais ameaçador.

 

5. Bullying e Violência

O bullying é uma forma de violência que pode ser física, verbal, psicológica ou até virtual. Ele destrói a autoestima, provoca medo e deixa marcas emocionais duradouras.

O adolescente que sofre bullying pode desenvolver:

  • Ansiedade social.

  • Pânico de frequentar ambientes como a escola.

  • Depressão, isolamento e, em casos mais graves, pensamentos suicidas.

  • Distorções na percepção de si mesmo, acreditando nas agressões recebidas.

A banalização de piadas cruéis, apelidos e exclusões torna o ambiente escolar um espaço hostil para muitos jovens.

 

6. Identidade e Autoaceitação

A adolescência é o período de formação da identidade: quem sou, do que gosto, qual meu lugar no mundo. Esse processo é especialmente difícil para aqueles que estão fora dos padrões impostos pela sociedade, como adolescentes que não se encaixam nos estereótipos de gênero e comportamento.

Esses jovens enfrentam:

  • Discriminação, preconceito e rejeição.

  • Medo de assumir quem são, inclusive dentro da própria família.

  • Conflitos internos entre o desejo de pertencimento e a necessidade de ser autêntico.

  • Maior risco de desenvolver depressão, ansiedade e transtornos de estresse.

Quando não há acolhimento, o processo de construção da identidade vira fonte de dor, não de fortalecimento.

 

7. Problemas com a Imagem Corporal

A cultura da estética perfeita atinge em cheio os adolescentes. Corpos magros, musculosos, “sem defeitos” são impostos como regra, principalmente nas redes sociais.

Isso gera:

  • Insatisfação corporal crônica.

  • Transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar.

  • Obsessão por dietas, exercícios, cirurgias ou procedimentos estéticos.

  • Redução da autoestima e vergonha do próprio corpo.

Além disso, filtros, retoques e edições digitais reforçam uma realidade inatingível, ampliando a frustração.

 

8. Excesso de Informação e Hiperconectividade

Vivemos na era da informação, mas o cérebro adolescente não está preparado para processar o volume de dados, estímulos e notificações recebidos diariamente.

Isso leva a:

  • Sobrecarga mental e emocional.

  • Dificuldade de concentração, foco e retenção de informações.

  • Prejuízo no sono, já que o uso de telas antes de dormir afeta diretamente a qualidade do descanso.

  • Sensação de ansiedade constante, como se algo importante estivesse sempre acontecendo e não se pode perder.

O medo de ficar de fora do que acontece, mantém os jovens presos às telas, muitas vezes, sem perceberem os impactos.

 

9. Uso de Substâncias como Fuga

Quando as dores emocionais não encontram espaço de acolhimento e escuta, é comum que adolescentes busquem alívio imediato em comportamentos de risco, como:

  • Consumo de álcool, cigarro, drogas ilícitas ou até uso abusivo de medicamentos.

  • Desenvolvimento de dependências como tentativa de anestesiar sentimentos de tristeza, solidão, ansiedade ou frustração.

  • Aumento da impulsividade e do comportamento autodestrutivo.

O uso de substâncias não é, na maioria das vezes, sobre a busca por prazer, mas sim sobre aliviar dores que não encontram outro canal de expressão.

 

10. Falta de Acesso à Saúde Mental e Invalidação dos Sentimentos

Apesar dos avanços, falar de saúde mental ainda é tabu em muitas famílias, escolas e comunidades. Muitos adolescentes não sabem como, onde ou com quem buscar ajuda.

Frases como: “Isso é coisa da sua cabeça”; “Na sua idade eu não tinha tempo pra ficar triste”; “Você não tem motivo pra estar assim”; funcionam como verdadeiras barreiras emocionais.

Essa invalidação gera:

  • Silenciamento.

  • Vergonha de sentir.

  • Agravamento dos quadros emocionais.

Quando não há escuta, os sintomas aumentam. Muitas vezes, o grito de socorro vem disfarçado em comportamentos que são julgados como “rebeldia”, “preguiça” ou “drama”.

  

Diante de tudo isso, fica evidente: os adolescentes não estão frágeis, eles estão sobrecarregados. O que eles mais precisam é de espaços seguros para existir, ser, falar e sentir. O cuidado com a saúde mental na adolescência não é luxo, é necessidade.



Gostou? Clique abaixo e Compartilhe!!!

Não concorda? Comente... Vamos discutir ideias!

 
 
 

© 2025 by PAULO GARCIA. Powered and secured by Wix

bottom of page